EU VENHO OFERECER MEU CORAÇÃO

Como naquela canção*,
eu venho oferecer meu coração,
mesmo que as janelas estejam fechadas
e o dia frio, lá fora,
inspire horas de sono.
Venho oferecer meu coração
e uma dose de amor
como nunca antes.
Sem medo algum, venho me atirar
nas correntezas desse rio
e, mesmo que a dor me quebrante
e a tristeza pareça forte demais,
venho oferecer o meu melhor.

E se perder, se cair vencido,
não haverá motivo para gritos de escárnio:
terei caído inteiro,
terei tombado heroicamente
por crer em algo intangível:
a esperança de ter
uma vida melhor
por ser alguém melhor.

Venho oferecer o meu coração,
que é frágil, é pouco, é vago.
Venho oferecer o meu olhar
e estender a mão
para ajudar a se erguer
quem, do chão,
não consegue sair.

De longe, alguns dirão
que não vale a pena oferecer
plenamente
o coração.
Dirão que é um romantismo vazio,
um sentimento adolescente
que já deveria ter se rendido.
Mas o que perguntarei
é óbvio e cortante:
de que vale viver
se não se pode fazer
com o coração
o que se quer?

Venho oferecer meu coração:
é minha única forma
de ser feliz.




*A canção é "Yo vengo a ofrecer mi corazón", de Fito Paez. Na voz de Mercedes Sosa, essa canção se torna divinal...