O TRANSCENDENTAL

Na mesa um copo de vinho e um bloco de anotações. Nada mais preciso no mundo. Uma leve tristeza ronda o inconsciente e afeta os ânimos. Isto é o combustível para as mais belas obras de arte, para as mais sentimentais canções e poesias.

Uma nota isolada, como um gemido ecoa nas mentes dos poetas, daqueles que traduzem os anseios da alma em letras ordenadas do alfabeto.

A madrugada já se encontra em seu ápice. O sereno é o acalentador de noites tortuosas. São as lágrimas dos anseios noturnos.

Tudo isso é base e fonte de energia daqueles que estão cansados dos mesmos rostos todos os dias, das mesmas queixas, de pessoas que pensam pequeno em seus próprios umbigos.

São apenas reclamões, como eu os detesto! Não enxergam a magia que é a própria existência. Não encontram prazer nas coisas simples. Não compreendem que por vezes, a solidão de torna necessária para se observarem com a intuição.

A melhor sinfonia é a do silêncio junto com os sons naturais noturnos:vento, chuva, gatos se acasalando(por vezes) e tendo a insônia por regente.

Tudo isso se traduz pelos caracteres em língua portuguesa que rabisco em minha folha de papel. Companhias que nunca me decepcionaram e que me ajudaram a não ficar ainda mais louco e perder qualquer senso do ridículo.

Me considero um 'abençoado' por Deus ou simplesmente pela existência por estes momentos intimistas e transcendentais.

Minha taça de vinho está vazia e a tinta se esgota. Lá fora o vento uiva um lamento que abre a minha janela.

Roberto Panoff
Enviado por Roberto Panoff em 12/05/2015
Reeditado em 12/05/2015
Código do texto: T5238811
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