Entre tapas e Beijos

Ela vem me cobrando alguma coisa que eu já esqueci. Vindo dela, já considero isso como uma atitude normal. E admitam, mulheres, vocês acabam desenterrando alguns deslizes do cara só pra jogar na cara e ele se sentir um pouco mais culpado. Não é culpa dela, não é culpa de vocês. É culpa nossa mesmo. Se não houvesse esses tantos deslizes, não teríamos com o que nos preocupar durante essas brigas.

Mas se não houvesse erros, não seria humano.

Todos nós erramos, mas parece que às vezes atingimos uma cota. Tudo no mundo tem um limite e não seria diferente com as pessoas. Ela tem o limite dela, eu sei. Calma, eu não errei mais uma vez e agora ela tá aqui gritando comigo. Estou simplesmente atentando para o fato de que é preciso ter cuidado sempre com nossos passos. Confiança, paciência, tolerância, tudo isso é conquistado com muito suor e pode ser perdido num simples piscar de olhos.

Pareço ficar sem chance de defesa, sabe? Que reação eu posso ter quando ela está irritada assim? Já tentei argumentar, não adianta. Já tentei mostrar que ela pode estar descontando em mim algo que aconteceu ou no trabalho, ou na rua ou em qualquer outro lugar. E também não adianta muita coisa. Na próxima crise vou tentar aquela tática de jogar chocolates. De longe. Talvez dê mais certo do que palavras. Palavras o vento leva, chocolates fazem o estômago fraquejar.

Pode dar certo, hein!

O mais engraçado (e bipolar) nisso tudo é que, dez minutos depois, ela chega me dando um abraço apertado e parece esquecer tudo que falou. Supera os desentendimentos com uma velocidade incrível. Tudo bem, às vezes demora um pouco mais. Uma semana, talvez, quem sabe. Mas passa. Sempre passa. Ela culpa a TPM pra variar. Noutras vezes , a culpa é minha mesmo. O importante é que passa. E a gente fica numa boa de novo.

Parecemos protagonistas daquela música “Entre Tapas e Beijos”. Ela briga, me ama, me bate, me xinga, me beija e me ama mais. Eu? Levo as porradas, amo de volta, levo mais porrada, ouço os impropérios, beijo e amo mais ainda de volta. Brinco chamando-a de maluca, mas eu não consigo viver sem ela. Fazer o quê? É culpa minha, eu sei. Mesmo que não seja, eu assumo a culpa só para podermos ficar numa boa.

E resolver as diferenças enquanto a gente se ama.

Manuela Papale
Enviado por Manuela Papale em 02/06/2015
Código do texto: T5263573
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