Destitulado.

A consciência pesa de culpa.

A consciência pesa de medo.

A consciência pesa de angústia.

Eu digo por que a consciência pesa:

Por causa de um cadáver.

Os destroços de uma parte de seu ego que você carrega sempre consigo.

Uma parte de você que já não vive mais.

Uma parte que não anda,

Uma parte que não respira,

Uma parte que não fala,

Uma parte que não opina,

Uma parte que não ajuda.

Mas também é uma parte que quer,

Uma parte que anseia,

Uma parte que busca,

Uma parte que almeja,

Uma parte que deseja.

E uma parte que incomoda.

Mas ele continua lá.

Aquele resto de vida.

Sempre pedindo, sempre exigindo.

E quando você precisa dele?

Ele está lá:

Quieto,

Frio,

Fraco,

Morto.

O que fazer, então?

Se livrar dele?

Acostumar-se com ele?

Esperar que, afinal, ele esteja apenas adormecido...?

Na verdade, há uma resposta, afinal.

Qual?