Análise de uma disforia
Meu coração me pede, e eu renego.
Minha alma me clama e eu escondo-a.
Meu corpo protesta e eu abalo-o.
Meu peito berra e eu me calo.
Não sei se consigo mais
Fingir-me parado, constante, estável.
Sou exceção, lembra-se?
Sou tudo que não pode, sou instável.
Sou abstrato.
Um ser fluente.
Tudo dentro de mim flui e quer sair, mas renego, mas prendo, mas enquadro, classifico, polarizo, amordaço.
Tudo em mim flui...
Um sussurro sutil, quase imperceptível, soa no canto mais esquecido da minha mente, como uma pequena flor de lótus num lamaçal: Vou deixar fluir.
E quando deixo fluir... aaah quando permito! Tudo se torna belo, tão belo, tão belo...
Tudo se ilumina com um clarão de liberdade que jorra do meu peito...
Expando-me infinitamente até meu corpo não me comportar...
E então... deixo-me fluir... inconstante... em tudo...