O ANIMAL NA SALA (Não percam, façam a leitura. Garanto-lhes a satisfação).

Hoje vou lhes contar principalmente para quem não assistiu a Peça Teatral "O ANIMAL NA SALA", interpretada no Teatro Estadual de Araras, no dia24 de julho pp., que nos levou a perceber o padrão de vida da maioria da população, aquela que vive por viver.

A peça começa com uma imagem mal iluminada de vermelho, que nos leva a interpretar uma montagem mecânica estranha, mais parecida com o esqueleto de um animal enorme imóvel.

Ficamos uns 20 minutos olhando-a e tentando compreender o que era aquilo, enquanto os espectadores acomodavam-se. O teatro tinha menos da metade de suas acomodações tomadas, permitindo que as pessoas se assentassem onde quisessem, na sua maioria.

Súbito acendem-se as luzes lentamente, surgem três mulheres vestidas com roupas mal desenhadas, com capas e visivelmente mal estruturadas.

Inicia-se uma musicalidade estranha, desconhecida e elas, sem nenhuma fala, se põem a dançar, de forma complicada, fazendo movimentos e gestos, que a princípio nos deixou assustados, crendo que entráramos no local errado. Dão passos por nós desconhecidos, movimentam o corpo e as vestes de forma a criar mal estar em todos nós, depois sobem na montagem mecânica e se põem a fazer exercícios físicos exagerados, onde temíamos que caíssem e se machucassem.

Depois se apegam a peças de tecido, jogam-nas longe, desenrolam-nas e dançam se enrolando nelas, para depois sentarem no palco e fazer gestos estranhos.

De repente se põem a lavar toalhas, as torcem, jogam-nas a um canto do palco, começam a buscar bambus com pés atarraxados de ferros, que os deixavam de pé, como se fossem indicadores de onde se poderia dirigir, imposto ora por uma, ora pela outra das mulheres.

Depois criam caminhos estranhos e a seguir pegam nestes paus e começam a dar batidas na estrutura, fazendo um grande alarido.

Depois duas delas se entram na base da estrutura descrita, fazendo mil gestos e ruídos incompreensíveis, levando a que está de fora a começar a caçá-las. Gritam, abrem pedaços da estrutura, tiram bancos, sobem e se assentam neles e depois os colocam de qualquer modo no cenário, dando-nos a impressão de que num manicômio, aquilo jamais aconteceria.

Toda a representação maluca, só nos dá uma certeza: Para que aquelas coisas estranhas acontecessem, as artistas devem ter gasto muita energia e competência, para realizar tamanha representação "maluca".

Creio, que a maioria dos expectadores ficaram com a sensação de estarem habitando um ambiente de malucos, sem a mínima lógica interpretativa pelos assistentes.

Pouco antes de terminar a peça, elas se movimentam, acertam as madeiras e buscam se posicionar não ordenadamente.

Exatamente aí, vem-nos a cabeça a compreensão de todo aquele espetáculo, aparentemente maluco, mas que nos faz olhar para o nosso interior e compreender que nós e toda a sociedade desperdiçamos boa parte de seu tempo, fazendo coisas ilógicas, malucas, perigosas, incapazes de um julgamento compreensivo.

Creio que aquela representação "maluca", levou-nos a entendermos o quanto de lógica e adequação vivencial a maioria do mundo vive.

A confirmação do entendimento surgiu ao término da peça, com a pequena plateia explodindo em aplausos, como se estivessem agradecendo a indireta maravilhosa.

Saí do Teatro com minha esposa, feliz e prometendo-nos rever nossos momentos, que por profissão procuro torná-los lógicos e produtivos, mas entendendo também a falta de ordem e o desperdício que são feitos por todos, seja em gestos palavras, demonstrações de nossa afetividade produtiva, ou instintiva, sem sentido prático.

Fica lógico que se nos postarmos em um gesto de total observância de nossos movimentos, pensamentos, ordenações, nossa vida será ainda menos duradoura, mas ultimamente temos vivido a vida de forma mais irracional, do que a apresentada na peça, em certos momentos.

Ligamos a TV e as notícias políticas não conseguem nos fazer chorar, porque estamos enfurecidos, como se o nosso furor caseiro, mudasse a mente dos safados, que dirigiram seus objetivos para uma vida de riqueza, onde não percebem que perdem muito de sua vida, fingindo serem espertos ladrões, propineiros, quando no fundo, seu medo de serem descobertos está a acabar com suas expressões físicas, com lábios e olhares deformados.

Ninguém gosta de errar. Isto só causa muito sofrimento, mesmo que vejam chover bilhões de dólares em suas cabeças; mesmo que tenham carros de milhões de reais, consigam mandar na população como, como se fossem seus escravos.

Tentemos achar um modo de vida alegre, feliz com o nosso desenvolvimento e crescimento. Elevemos o nosso país a um ponto exemplar. Paremos de dançar amalucadamente sem uma real intenção, como divertirmos a nós e aos outros.

Vamos buscar a nossa realidade, o nosso poder de amar intensamente a todos que nos cercam e mesmo aos que se tornam distantes, com medo de serem entendidos como deficientes.

Quero que percebam, que este artigo não é uma pregação de moral, comportamento, ou religiosa. Estou mostrando a mim mesmo, que não posso parar de me olhar e responder "Quem eu sou"? "Estou sendo feliz"? "Fujo do acerto, com medo de errar"?; "Desafio-me a encontrar a verdade"? "Permito-me mostrar ao meu próximo, que sua braveza, ou atitude fechada irá impedir-me de conquistá-lo"?

A verdade é uma só: temos bravura em apontar os dedos para os publicados na comunicação diária, parecendo que somos todos sábios. Só uma pergunta realmente ressalta: Como foi que estas autoridades chegaram ao poder e me fazem sofrer?

A resposta é sabida por todos: não adianta fingir somos "Maria vai com as outras" e fingimos sermos inteligentes, sem nos dedicarmos sequer, a vermos "nossas atitudes infantis".

Obrigado pela peça teatral, "O ANIMAL NA SALA", Teatro Estadual de Araras.

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Dr Marcio Funghi de Salles Barbosa

drmarcioconsigo@uol.com.br