instável.

Eu me sinto emocionalmente instável. Emocionalmente dobrável, quebrável, com uma grande possibilidade de desabar em qualquer segundo em que eu não me segurar. Os últimos quatro dias tem sido assim... Não consigo dormir preocupada, não consigo dormir ansiosa, não consigo dormir nervosa. Não sinto medo, não sinto alertas, não sinto sinais, não sinto nada de ruim nisso tudo, só sinto o vazio me consumindo. Se eu quero chorar, suporto, engulo o choro, não tenho motivos, é só saudade. Se eu quero correr, eu danço, eu canto, eu me distraio, me proíbo de ser impulsiva. Se me sinto sozinha, eu me isolo, me escondo, eu durmo pra não mendigar atenção de mais ninguém. Se eu quero falar sobre você, eu escrevo, jogo, olho suas fotos, converso mentalmente tentando me acalmar, fingindo que você tá perto de mim. Eu me sinto sozinha e vazia, dependente e em abstinência... É engraçado como essa solidão chata e repentina tem me dado tanta criatividade. Talvez seja porque, é só você o tempo todo. É os meus planos contigo, é os planos da nossa vida, é as conversas longas que nós temos, é tudo tão intenso e com um fluxo tão grande de conversas, informações, declarações e amor que eu esqueço de pensar direito quando você tá perto. Me torno totalmente irracional, totalmente impulsiva, uma boba, uma idiota, uma criança sem controle algum e que acabou de ganhar o melhor presente de aniversário. Eu estou correndo por aí, com as mãos ao alto, balançando-as, chacoalhando-as, gritando e rindo, querendo mostrar ao mundo que o melhor presente de todos é meu, estou girando pelos cômodos, estou me olhando no espelho com você na minha mente, estou pensando: “Meu deus! Estou tão feliz que poderia explodir mil vezes, explodir e voltar ao normal, só para explodir de felicidade mais mil vezes, só para repetir todo esse processo!”. E então eles me tiram você.

E é como se eu desaprendesse lentamente a caminhar, falar e a fazer qualquer locomoção básica. Simplesmente, estou operando no modo automático. Sorrir no automático, cumprimentar no automático, comer no automático, viver no automático. Acordar de manhã é como se eu tivesse passado a noite inteira bebendo whisky, vodka e tequila, todas puras, sem gelinho, sem limões, sem refrigerante, muito menos energético, me sinto cansada o tempo todo, exausta o tempo todo, desmoronando lentamente.

Eu sou uma vidraça de igreja, daquelas bem bonitas, que aparecem nos filmes, e então, imagine-as rachando, rachando lentamente, você ouve os “crecks” bem devagar, o estalar do vidro, a rachadura se expandindo, aumentando rapidamente como um vírus novo, rápido e desconhecido, e então “bam!”, tudo desmorona. Milhões de caquinhos, milhões de estilhaços e milhões de pedacinhos de mim caídos no chão. É, é exatamente assim que eu me sinto.

Quatro dias sem ti, e eu sou a maldita janela da igreja com uma rachadura colossal e monstruosa, ainda não forte o bastante, ainda não grande o bastante, mas quase lá, lentamente quase lá, e de certa forma, eu realmente preciso desse “lá”. Porque o “lá” é sempre melhor do que o “quase lá”, é quando eu finalmente desabo, choro, fico gemendo, quase gritando, sinto o vazio ser substituído por dor, uma dor forte, colossal, arrasadora, e eu sei que não é o fim de mundo, mas pra mim sempre foi e sempre vai ser o fim do mundo sofrer desse jeito. Porque, sim, é tão tão tão diferente dos outros. Eu simplesmente não consigo me adaptar, não consigo me acalmar e pensar: “Okay, quase segunda feira, eles ligam a internet de volta e eu corro pra falar com ele”. Não, não consigo, mexo o pé freneticamente, fico ouvindo música sem sentir um pingo de calma ou prazer, fico inquieta, não consigo sentar, não consigo deitar, não consigo ficar quieta, sou impulsiva do pior jeito nessas horas porque tento desesperadamente arrumar assunto com qualquer pessoa, tento puxar assunto de qualquer maneira, fico estressada facilmente, não consigo arrumar uma posição confortável, um modo de concentração que seja profundo e intenso, não, nada. Só consigo pensar em ti, sentir vontade de chorar, acabar sorrindo, e acabo chorando e sorrindo pelas mesmas lembranças, pelos mesmos momentos que eu guardo de nós dois dentro do meu coração e cérebro. E então eu fico checando o sinal da internet, olhando as ligações no celular, checando a hora, e sempre sempre sempre me perguntando: “Será que ele tá bem? Será que tá pensando em mim? O que será que ele tá fazendo agora? Será que ele tá se sentindo como eu? Será que tá agoniado? Ou será que ele tá se sentindo menos sufocado? Será que tá gostando desse tempo livre de mim?”. E eu não tenho medo das respostas, porque sejam elas quais forem, eu sempre vou entendê-las. E eu não tenho medo dessa situação, eu não tenho medo do que pode vir quando a gente se falar de novo, não sinto nenhum frio na barriga, nenhum receio, nenhum instinto feminino me assombrando. Eu simplesmente sei que as coisas sempre ficam mais intensas quando temos de ficar separados um do outro, a saudade aumenta, mas o amor e o desejo aumentam junto, a agonia e o vazio aumentam, mas a paixão aumenta também, e eu acho que sempre vai ser assim, as coisas vão sempre aumentando em relação à ti. E eu vou sempre gostar disso.

Porque, por mais que eu me sinta agoniada, não me sinto assim em relação ao que você sente por mim, eu me sinto agoniada pelo fato do tempo estar passando e eu não poder falar com você, agoniada pelo fato de que isso faz eu me sentir perdida, sozinha, vazia; Perdida porque é chato você estar fazendo algo e então se atrapalhar toda, ou acabar fazendo algo errado, ou esquecer o que estava fazendo, sozinha porque você é única pessoa com a qual eu consiga ter uma boa conversa, a única pessoa com quem vale a pena passar horas conversando e horas só em silêncio, e vazia porque toda a minha energia é tu, falar contigo me dá energia, te amar me dá energia, saber do seu dia, seu humor, seu estado geral, sua vida e seus pensamentos me dá energia, te ter me dá energia... E eu me sinto emocionalmente e fisicamente instável, posso desabar em lágrimas a qualquer momento, posso desabar no sofá da casa da minha tia-avó à qualquer momento, posso desabar de tantos jeitos, posso desabar por qualquer coisa e de qualquer forma, mas não, estou escrevendo, porque, de certa forma, ficar esses quatro dias longe de ti me dá tempo pra saber exatamente o que eu sinto, porque contigo é tudo tão confuso e intenso, é um furacão de cores, uma bomba nuclear super potente de amor, 19 primaveras deliciosas, uma orquestra enorme de boas conversas, um porto muito muito muito seguro, um turbilhão de sensações, emoções, pensamentos e intensidade, já quando você tá longe, tudo fica extremamente normal e desesperador e agonizante e vazio e escuro, e eu me sinto num labirinto eterno e sem saída, mas consigo me guiar por que meus pensamentos e sentimentos são sempre os mesmos, sempre suspensos acima de mim, prontos para serem pegos, prontos para me fazerem achar um caminho, uma saída, uma luz guia, é tudo tão normal, calmo, monotomo, chato e simples, nada complicado, nada inspirador, nada difícil, é só esticar a mão para cima, pegar um pensamento, juntar com alguns outros e pronto, tudo simples e racional. Eu não gosto das coisas assim...

Eu preciso dormir... não me sinto nada bem, nenhum pouco bem, não consigo ter paz, não consigo ficar calma, não consigo me concentrar, não consigo dormir direito sem ficar toda hora checando a internet, não consigo ficar sem checar as chamadas no celular, se o meu celular toca, eu acho que é tu, se o celular da minha avó toca, eu acho que é tu, qualquer coisa, até alguém tocando a campainha de casa é tu, eu me sinto totalmente limitada, presa por correntes pesadas, totalmente instável. Se rio, rio demais, igual uma idiota retardada, rio de tudo e depois fecho a cara porque a risada falsa não dura muito, se choro, não consigo mais do que algumas lágrimas, nada além de dor de garganta por causa dos nós acumulados, se penso, fico com dores de cabeça bem chatas, meu olhos ficam caídos e eu fico toda hora forçando a visão, não consigo enxergar nada às vezes, fico olhando para um ponto em qualquer lugar e não vejo nada, apenas viajo em pensamentos...

Estou em um estado instável de devaneios. Preciso de ti.