Estrelas Colapsas

Me sinto, às vezes, como um buraco negro. Como se pudesse destruir tudo o que absorvo, tudo o que domina o meu corpo, alma e coração. Você não sente? Não sente o vazio de vez em quando? O vazio que assusta depois do colapso nos nervos, do mundo lá fora, que não te deixa um instante em paz? É como o buraco negro, não é? Ele também forma-se de um colapso, de uma estrela colapsa. E nós que gostamos tanto de estrelas, parecemo-nos tanto com elas, estrelas colapsas.

Creio que ser como buraco negro, vez ou outra, não seja ruim. Veja bem, imagine o cenário. As luzes estão apagadas, então você cai lentamente e seu corpo estático flutua. Não existe gravidade, somente o escuro e você. Como se estivesse em outra dimensão, nos limites do inconsciente, apenas vivendo você para você por alguns instantes.

Mas, o tempo passa e a ilusão desaparece. Os olhos despertam, as pálpebras dilatadas tentam compreender o ao redor de que nem sentiu falta. Imagina então, por que não voltar mais vezes? A outra dimensão, da paz consigo mesmo, da mente vazia, do corpo leve, sem preocupações, raiva e medo é atraente e agradável.

Você já não quer mais ser viajante dos ''ao redores''. Quer ser simplesmente dono do seu eu estável. E então, vive e revive no buraco negro, até que percebe: a viagem não tem volta. Você não pode mais escapar.

Einstein, na Teoria da Relatividade, escreveu que uma pessoa que passasse pelo buraco negro, não sentiria nada, apenas flutuaria no espaço. Acho que muitos de nós, infelizmente, passam a vida toda no buraco negro dentro de si, apenas existindo e flutuando no seu espaço.

Espero que não sejamos como buracos negros a vida toda, pois a sensação de despertar e viver é muito melhor, e ser buraco negro é diferente de estar como buraco negro. De vez em quando, no imaginário de nossa ilusão, ignorar as leis da gravidade e flutuar no vazio é renovador. Desde que, não nos acostumemos a permanecer estáticos.

Juny Hugen
Enviado por Juny Hugen em 27/08/2015
Reeditado em 27/08/2015
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