Um grito

Talvez eu precise de um grito. É, é isso eu preciso de um grito que dure pelo menos um quarto da minha existência, um grito tão alto quanto um trovão dos céus em seus dias de fúria arrasadora, um grito libertador das agonias passadas, um grito antidepressivo, um grito que desentupa os canais obstruídos pela falsa presença de uma compreensão imunda nascida da vergonha e do desespero do silenciar para tudo. Preciso de um grito que rasgue minha alma em um milhão de pedaços, um grito ensurdecedor aos falastrões que insistem em não ouvir. É, sem dúvida um grito que sufoque tantas mentiras, e desespero, e medos, e silêncios, e insônias, e solidão, e desapego, e cansaço, e somente um gritooooooooo...