Sede

Sonhos. Onde apenas no desabrochar da irrealidade nos podemos encontrar, das cores vívidas do outono ao calor do verão. Onde evitaremos a saudade que naufraga em ecos que nos atingem como chuva na pele erodida. Será a saudade filha de uma ilusão distorcida aos nossos olhos? Andamos mil passos à nossa frente, mas nada disto to direi. Até ao dia em que os meus pulmões transbordem a água desta chuva.

E nesta ânsia me afogo, crendo não haver fim para tal fome. Alimento-me da perfeição humanamente possível, bebo o suco das palavras que apenas se interrogam. Sinto o estômago vazio e a garganta arranhada, com sede de ti. De corpo e alma satisfeitos, voltamos à estaca zero. Apenas para cairmos mais uma vez no odor da natureza que impregna os nossos sentidos.

Enquanto aqui me encontrar, resguardo-me nesta terra que não o é, aguardando impacientemente pela morte da saudade que teima em regressar. Das águas que hibernam pela primavera, ao sussurro dos ventos invernais. Então saberemos… comecemos de novo.

Hugo Ricardo
Enviado por Hugo Ricardo em 30/08/2015
Código do texto: T5365011
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