Reflexões Teológicas 1

1. Nada é mais sagrado que a vida privada, pois aqueles termos considerados impróprios e politicamente incorretos não sofrem nem um tipo de censura. Talvez por isso que Cristo zombava das dissimulações farisaicas em público e disse: - Vá para o privado e o Pai o ouvirá e o recompensará de maneira privada. Não existe relação mais íntima com Deus do que a relação individual, a relação coletiva só trouxe e traz confusões, pois esta é dissimulação.

2. Nunca li nas cartas paulinas criticas profundas à filosofia helenista. No entanto o judaísmo de sua época era seu alvo cotidiano, pois o conhecia a fundo. Só podemos criticar aquilo que conhecemos profundamente.

3. O jovem seminarista é treinado na teologia do seminário que estuda. Quando esse jovem apreende a linguagem da instituição se entende com conhecimento. Não, isso não é conhecimento, isso é a manutenção de uma tradição.

4. Pior que um seminarista treinado na linguagem de uma instituição é o professor nesse estado. Pois o primeiro ainda tem a liberdade de alçar voo mais longo, enquanto que o segundo tem que garantir o salário no fim do mês.

5. A igreja está repleta de "João Batistas", mas suas cabeças estão bem seguras aos seus pescoços.

6. Um dos maiores cristãos ortodoxos que li foi Chesterton. Sua grandeza literária e sua fé em Cristo são inegáveis. No entanto, Chesterton acreditava na ascensão de Maria, na intercessão dos Santos, na hierarquia do clero romano, na infalibilidade papal, etc. Continuo tendo Chesterton como um dos maiores articuladores da cristandade, mas, ele mesmo me mostrou não confiar muito em quem gosta de encerrar o assunto sobre Deus como se Ele fosse uma ciência exata.

7. A ortodoxia só é defendida até os limites da ideologia.

8. Acredito que Deus se revela ao homem de várias formas e as escrituras é uma dessas formas, no entanto elas, as escrituras, não garantiram a pureza do evangelho, pois as letras seguem regras e os homens que as leem, leem em meio a regras literárias. E o sistema cognitivo interpreta o que lê, mas sofre influências subjetivas. Daí, há homens que interpretam as Letras literalmente, que interpretam seguindo métodos diversos, que interpretam livremente levando em consideração sua situação particular, etc. Eis o grande problema que os reformados sempre conviveram, a saber: a sola scriptura.

9. A tradição e seu contraditório criaram tantas notas de rodapé no evangelho que hoje estamos tão distantes da "pureza" de suas ideias e letras; e não só criamos um outro evangelho (como Paulo temia), mas uma quantidade imensa de evangelhos que pode agradar a todos: conservadores e liberais.

10. Criticar o liberalismo teológico não te faz defensor da verdade bíblica, pois, na maioria das vezes, os que criticam os liberais apenas estão preocupados com a tradição religiosa denominacional.