Nós

Partilhar intensidades.

Perdemo-nos no compromisso do dever imposto, onde as regras são apenas um modo de se esquivar do que é subjetivo.

Estamos sempre carregando cruzes, e estamos sempre na mira do corte da espada. Entre o que nos grita dentro de nós em silêncio e o barulho ensurdecedor dos compromissos do mundo de fora, estamos a mercê dos pensamentos, incontroláveis, e isentos de culpa. Dos sentimentos incontáveis, incompreensíveis, igualmente desnecessários.

Somos o que restou de nós. Todos os dias, dia após dia, acreditando nas ilusões futuras do passado recente, do presente inerte, do que ficou intocado e do que permanece imóvel.

Perdemos o tempo, de olhar para o mundo.

De olhar para o fundo.

De estar além da superfície.

O mar é calmo e igualmente traiçoeiro.

O vento é brisa leve, tal como pode ser furacão que devasta.

O sol que projeta calor é o mesmo que queima.

Estamos sempre na dualidade de tudo, na exclusividade de nada.

Estamos sempre na distância longa, mas também no breve espaço de um olhar.

Estamos no gesto.

Estamos seguros no Caos.

E perdidos na paz.

Estamos em inúmeras pessoas, mas nunca dentro de nós.

Ainda há de se ver o que tem além dos nossos infinitos particulares.

A desarmonia é a loucura dos homens, e eu arriscou andando na corda bamba do dia a dia.

Charlene Angelim

Charlene Angelim
Enviado por Charlene Angelim em 16/10/2015
Código do texto: T5417038
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