O Gato
Balançava-se de um lado para o outro no ar
E mesmo com as costumeiras carícias em seus pés
Não despertava
O corpo frio que senti com o toque de sua pele em meu focinho
Era novidade em todos esses anos
E, findado o dia, o homem que ainda dormia
Miando e pulando...tenho fome...por que não me ouvia?
E já alguns dias passados os outros vieram
O homem levado, a porta fechada
Luzes, o cheiro amargo da cêra
E com o tempo a casa vazia e fria se tornou
E esquecido no escuro o pequeno companheiro fora deixado
Ninguém mais voltou
Ninguém mais procurou
Ninguém mais sentiu sua falta
Nem dele, nem do homem
Até que as costelas tocaram sua pele, os pêlos caindo
E ele deixou aquele lugar para nunca mais voltar