A VIDA NÃO ESPERA

Certa feita, conheci um jovem rapaz muito inteligente e com objetivos de vida muito bem traçados em sua mente. Lembro-me dele dizendo que queria se casar com 25 anos, ter três filhos, trabalhar na mesma empresa em que estava até se aposentar, dar um bom ensino aos filhos e depois viver em função de curtir sua família. Pois bem, o jovem rapaz, sempre decidido, se casou com 25 anos, teve três maravilhosos filhos em sequência e estava muito bem estabilizado na empresa onde trabalhava. Seu trabalho exigia quase que integralmente o seu tempo, pois era necessário viajar por todo país, morar um mês em uma cidade e logo depois ter que se mudar para um novo projeto da empresa em outra distante. Porém, o jovem com a ideia fixa na cabeça de trabalhar à exaustão para conseguir seu objetivo de curtir a família após se aposentar, continuou firme. Quase 35 anos se passaram, com essa rotina massante e de muita saudade, conversando com a família por telefone e se encontrando para rever a esposa e os filhos quando dava. Finalmente, faltando um mês para se aposentar, já com toda documentação preparada para dar entrada, o jovem rapaz, que agora era um senhor, começou a sentir muitas dores e acabou desmaiando. Levado ao hospital e, após uma série de exames, constataram que estava com uma doença muito grave, em estágio avançado, não havendo mais nenhum tratamento que pudesse ser feito para salvar a vida daquele senhor. Internado em estado grave, mas ainda consciente, o senhor percebeu a presença de sua família em tempo integral enquanto esteve no hospital e, em um último gesto de força, chamou o seu filho mais novo, lhe deu a mão e disse: "Filho, nunca seja como seu pai, eu vivi a minha vida em função do trabalho para poder curtir minha família depois que aposentasse. Hoje tenho dinheiro, mas não tenho mais tempo, nem saúde. Viva a sua vida dia após dia, aproveite cada segundo com aqueles que ama. Se algum dia lhe faltar dinheiro, sobrará amor e você vai conseguir superar qualquer problema". Depois de falar isso com o filho caçula, o senhor fechou os olhos pela última vez, com a esperança de que, pelo menos no fim da vida, tenha conseguido transmitir o amor que sempre sentiu, mas que pouco demonstrou pela ausência.

Thiago M
Enviado por Thiago M em 04/11/2015
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