Armadura de vidro

Minha armadura é de vidro

De rachaduras pequenas e estilhaços profundos

Meus remendos esquisitos cobrem com delicadeza

Mas não com perfeição.

Paciência não repara as emoções

Cola velha não dá jeito

E o silêncio é fita adesiva que segura a raiva.

Disfarço, amenizo e sigo, em silêncio absoluto e sorriso forçado.

Pois sei que deveria ter coberto melhor meus medos

Contra acidentes de percurso

E agonias desnecessárias

Mas existe beleza no estrago

Existe a dualidade de ser frágil como cristal

Pois há beleza na desgraça

E graça no pesadelo

Mas não há sono por hoje

Sentir é o preço pago pela intensidade,

Então que seja assim

Não nasci para o limbo e nem para emoções rasas.

E essa é a dádiva daqueles que tem armadura de vidro.

Pois toda rachadura é cicatriz

E toda cicatriz é oportunidade

De ser melhor, de sentir melhor, de estar melhor em si, antes de qualquer outra possibilidade.

Charlene Angelim

Charlene Angelim
Enviado por Charlene Angelim em 26/12/2015
Código do texto: T5491127
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