Evolução

Algumas pessoas consideram as perguntas o grande motor evolutivo da sociedade. Não acho que essas pessoas estejam erradas, mas muitas se esquecem da existência de um acontecimento importantíssimo para a evolução, anterior às perguntas.

Segundo o criador da Teoria dos Sistemas, Luhmann, o primeiro passo para a evolução social é a 'variação', isto é, "uma reprodução desviante dos elementos através dos elementos do sistema". Para quem, assim como eu, não entendeu bulhufas dessa frase quando leu pela primeira vez, humildemente eu peço licença para explicar a minha compreensão: as condutas incomuns, discrepantes, que fogem à norma, representam a variação. Ou seja, em outras palavras, ser diferente é o primeiro passo para evoluir.

O que me leva ao seguinte pensamento.

Desde os primórdios, para que houvesse evolução, consequentemente, alguém teve de diferir. Porém, como toda diferenciação não é, à princípio, bem aceita, para que houvesse evolução, alguém teve de sofrer por ser diferente.

Isso me parece injusto. A que ponto evoluímos quando alguns de nós sofrem por serem quem são? Será que a evolução depende, então, do sofrimento dos distintos?

Claro que não, e o problema é exatamente esse. A reprimenda a condutas desviantes à "norma" não é o motor evolutivo da sociedade, pelo contrário, é justamente o retardamento da evolução. Tentar conter a variação vai totalmente de encontro ao que Luhmann mostrou que seria o 'ato de evoluir'. Se o primeiro passo para evoluir é a variação, o segundo teria que ser "tentar entender porque a variação existe e se ela é relevante para a sociedade".

É aí que entram as perguntas.

Interessante, não?

Ingrid Flores
Enviado por Ingrid Flores em 06/01/2016
Código do texto: T5501636
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