Desculpa

Sou do tipo que recolhe o lixo

E não escondo a sujeira que fica nas mãos

Eu passo a vassoura no quintal

Enquanto chove

E junto as lembranças dispersas pelos cantos

Tirando o pó dos sentimentos.

Hoje acordei com saudade.

Saudade do que vivi.

Saudade do que não vivi.

Saudade do que só vivi na minha cabeça.

Quebrei minhas promessas tolas

E empurrei a raiva ralo abaixo

Ouvi meu soluço desesperado

E chorei

Chorei um tanto

Um pranto dolorido de gosto amargo

Baixo, calmo, leve e lento

Só chorei de saudade enquanto chovia na estrada escura.

Ontem eu tive medo

Eu tenho medo o tempo todo

Eu tenho medo de admitir que tenho medo da distância.

Obviamente não mereço

Mas peço

Sinto falta do cheiro

Da pele

Do som

Da voz

Sinto saudade dos teus sorrisos.

Porque quando fui amada não devia.

Quando amei, não podia

E fiquei em silêncio.

E ainda fico, esperando você dizer qualquer coisa boba

Qualquer bom dia inesperado

Qualquer boa noite não calculado

Qualquer coisa que me faça entender

Que ainda existo para você.

Que ainda existo.

Charlene Angelim
Enviado por Charlene Angelim em 02/03/2016
Código do texto: T5560788
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