Delirium Matutinus

a manhã de um cinza-pálido me arranha, me aperta, me arrasta pêlos/cabelos. na paulicéia desvairada desvario entre a embriagues de outrora e a proposital sobriedade do agora, oscilando entre o ódio/amor dos mistérios mal resolvidos, não-acabados, escondidos. a falsa calma, a pseudoalegria, mascaram a verdadeira agonia do tédio - esse isolamento quase involuntário na floresta do alheamento. dos gardênias para ti e um triste bolero para acompanhar um gole de solidão e duas colheres rasas de melancolia. também matei um elefante branco, mas os leões continuam à espreita. o homem que eu amaria usa um chapéu e eu não consigo ver os seus olhos, mas seus passos açoitam essa solidão. é bom partir quando não se tem planos. eu tinha medo de largar a esperança, mas a covardia se transveste em persistência, eu tinha medo de perder o próprio sentimento de perda. agora já não tenho nada para me lamentar, só tenho medo do futuro e ele de mim.

luana vignon
Enviado por luana vignon em 02/10/2005
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