Psicografia nº 7 - Sem naipe

Há horas, horas incríveis, em que o pensamento parece escorrer diretamente da “origem” >> para o papel, e ali se instala por longo tempo. Mas, no entanto, há aquelas horas em que isso se torna um verdadeiro parto – o pensamento sai, mas sai a custo de muito esforço e preces e paciência. E então? É preciso saúde forte para quem escreve? É preciso saber cantar ou solfejar? É preciso saber levantar pesos? É preciso pensar de tal forma que ninguém na face da terra consiga entender o que se escreveu, a não ser quem escreveu? É preciso já ter passado pelo desespero de se existir? Existir, naqueles mais profundos, causa um desespero imenso, em certas ocasiões. É preciso profundidade? O que é profundidade? Melhor, o que é estar desesperado por causa da existência? De que é feita essa espécie de desespero? Sou interestelar. Meus olhinhos negros alcançam as estrelas. É preciso saber mentir? Saber distinguir a verdade e a mentira ou a verdade ou a mentira? É preciso pertencer a alguma linhagem mística ou até mesmo faraônica? Certas coisas transpiram pela pele. E sentimos ao leve toque. O que mais se desvenda a um leve toque? O que mais? É preciso sorte? É preciso algum enfeite? É preciso uma boa visão? Um bom futuro? É preciso tocar instrumento? Ter atuado em teatro? Ter viajado para o espaço? É preciso rimar? Saber o que é um verso alexandrino? Ter estudado História? Conhecer das células as mais pequeninas composições? E eu ficarei nisto até o fim da vida? A vida ficará nisto até o fim (de mim).

Rosiel Mendonça
Enviado por Rosiel Mendonça em 11/07/2007
Reeditado em 07/08/2007
Código do texto: T561344
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