Quero parar o tempo

Quero parar o tempo!

Como quem pára uma ampulheta.

Quero ser dona do meu próprio tempo.

Os minutos me engolem.

Em ciberespaços, em vida paralela.

A matrix é aqui no meu quarto, no meu computador.

Eu pertenço ao Google.

Grupos, mails, comunidades, amigos, vida por um fio.

Por milhoes de fios, fibras, satélites.

Eu nao tenho mais nada.

Mas tenho 3 relógios de pulso, que me acusam.

Um relógio no celular, que me acusa.

Um relógio no computador, que me acusa.

Um relógio na biblioteca, que me acusa.

Desculpa, voce nao tem mais tempo.

A internet sugou, os sites evaporaram a tua existencia.

Eu sou virtual, digital, eterna.

Meu castelo é protegido por milhoes de megabits por segundo.

Eu sou Rapunzel, careca, cercada em uma torre de alta velocidade.

Minhas relaçoes sao digitais.

Meu bate-papo nao é no bar.

Eu vivo de chat, de chatos.

Meu carteiro, meu messenger.

Meu nome é presente, sem futuro, sem passado.

Eu sou agora e nao sou mais.

Por que agora ja passou.

Eu sou passado, aquilo que corre.

Eu fui. Nao sou. Nem serei?

Bit! Bit! Eu brindo o fim da minha existencia real.

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Ponto

(publicado em http://noticiaportugal.blogspot.com em 25out2006)

Maíra Ribeiro
Enviado por Maíra Ribeiro em 12/07/2007
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