O Antes

Antes era só euforia, sentimento recíproco, vontade de passar todo o tempo da minha vida conversando com você. Mas as coisas esfriam. Morrem, pois um dia também tiveram vida, e como toda vida, tinham prazo de validade.

Agora a vontade é de desviar o assunto, inventar um sono, falar que ama sem realmente dizer.

Infelizmente o que é vivo morre, e todo o meu amor, que um dia foi tão vivido pelo teu, morreu.

Poderíamos tentar reanimá-lo com choques elétricos, mas onde na realidade há máquinas equivalentes a esta que ressuscita os mortos? No mundo dos sentimentos não há, pelo menos não específicas. O que existe são atitudes, gestos, pequenos esforços para ressuscitar um que um dia pareceu tão concreto e eterno. Mas às vezes o sentimento está tão desgastado que nada no mundo pode fazer com que ele volte a florescer.

Nesse caso, o jeito é aceitar a morte. Passar pelos estágios de raiva, negação e, por fim, aceitação.

A sorte é que diferentemente de quando perdemos uma pessoa, quando não podemos substituí-la por nada no mundo, a morte de um sentimento apenas abre espaço para outro, para um que preencha o vazio de tal forma que faça você pensar "ainda bem que aquele outro sentimento morreu."