Um dia todos vão...

Pode não parecer comum falar sobre a morte, seja ela a que passa no jornal, ou ouvimos falar que fulano de tal veio a falecer, ou que alguém tirou a própria vida. Mas entendo que chega uma hora que realmente tudo passa, tudo muda, tudo se transforma e tudo fica diferente. Aparece como um vazio, não sentimos nada além de tristeza e um sentimento de abandono. Se a morte está perto de nós, como um parente ou um familiar que vem a falecer, no velório descobrimos as mazelas de todos, o que há de humano dentro de cada um. Choramos, é claro, não é novidade nenhuma, somos humanos que se entristecem, não é feio e nem coisa de menininha.

Quando entendemos que um dia todos vão, não fica dúvida alguma sobre esse assunto, não somos imortais, todos vamos mesmos. O tempo será diferente, o dia será diferente, e falando em tempo, talvez nem ele passe, o dia não terá vinte e quatro horas, parecerá uma eternidade, nada mais fará sentido, apenas o fato será o nosso norte, não que deva ser de fato nosso guia, mas não há contradição quando o assunto é a morte. Não há questionamento, se há vida após, se há um céu, se há uma segunda chance ou se não há nada.

Mas falando sobre a morte, não há vida se não existir a morte, tudo está em constante transformação, nada se perde mas muda para se adaptar em novos ambientes.

Uma larva morre enquanto larva, para se transformar em uma borboleta e assim por diante. Nós mesmos enquanto humanos, temos as nossas mudanças. Mas chega uma hora que a mudança, por mais dura que seja, precisa ser entendida com extremo amadurecimento, seja conosco ou com os outros. Amadurecemos enquanto seres que necessitam de compreensão quando o assunto é a morte. No quarto de um hospital, presenciamos isso bem de perto, não que eu tenha presenciado alguém que veio a falecer na minha frente, mas acho que todos talvez possuam alguma história sobre o assunto. O que me parece ser bem difícil de aceitar, fulano de tal veio a falecer, a dor que demonstramos é tão grande, que perdemos tudo no momento, só fica mesmo a dor da lembrança, da saudade, das possibilidades de perdão e uma extrema vontade de chorar.

Falando em depressão, um sentimento, imagino eu, que faz com que destruamos o que há de humano em nós, nos apagamos de dentro pra fora, nos fechamos em nosso vazio mental e emocional, tudo vira preto e branco, tudo perde a graça, não achamos o amor nas coisas que gostávamos, não passamos mais a acreditar nas pessoas, não nos sentimos amados por nós mesmos e nem pelos outros. Se nos abraçam, parece que o coração não bate, como se precisasse de uma massagem cardíaca. Se nos elogiam, ouvimos por um ouvido e deixamos sair pelo outro, não fica na alma e nem no corpo. Se nos beijam, parece como se fosse de brincadeira, não tem graça. As vezes é comum ouvir que tal pessoa está fazendo cena, ou querendo chamar atenção. Obviamente, ela está querendo chamar atenção, atenção para algo que está machucando ela internamente, está corroendo ela, a ponto de não ter mais força pra nada. Ou também que é só uma fase, bom se fosse e passasse rápido. Mas não é bem assim, é uma fase de um jogo com centenas de milhares de estágios, até chegar ao chefão final que é a causa da depressão. Ou você vence ele ou será derrotado, podendo chegar a vias do suicídio. Entendo que não há dor maior, do que perder uma pessoa que amamos pelas vias do suicídio. Não há respostas para os milhares de “porquês”. Tentamos amenizar as dores, tentando achar respostas e razões, mas patinamos em perguntas sem sem direcionamentos. Porque fulano de tal não pediu ajuda? Talvez até pedisse, mas da forma dela como ela achou melhor, em silêncio.

Pra finalizar, ou aprendemos com o fato de não sermos eternos, que a nossa passagem nessa vida é extremamente passageira, que as pessoas que amamos são tiradas de nós muito cedo, e que devemos deixá-las com palavras amorosas, que pode ser a ultima vez que as vejamos, ou passaremos a vida sempre se queixando porque Deus tirou ele(a) de nós, porque foi embora tão cedo, porque sinto tanta culpa de não ter feito mais nessa vida por alguém, de não ter me dedicado à algo que realmente gostasse ao invés de fazer algo por obrigação, de não ter lido um livro que tenha ganhado de presente, de não ter ido visitar certas pessoas, enfim, não se culpe por nada disso, viva sua vida como se a ganhasse de presente, e de certa forma ganhaste, então agora é só aproveitar, que, entre “Era uma vez e viveram felizes para sempre”, é você que decide.

Alfredo José Durante
Enviado por Alfredo José Durante em 13/05/2016
Código do texto: T5634543
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