O suicídio

Sinto um vazio no peito e um peso gigantesco em minhas costas, a dor que eu sinto ninguém sentirá, sei que se eu quisesse realmente exprimir minhas angustias para alguém tenho certeza de que isso não valeria de nada, afinal, ninguém se importaria com as minhas dores e as minhas aflições.

Planejei minuciosamente cada ponto, horário, remédio, andares e vertebras para que pudesse sair de cena em silêncio, para que eu pudesse, enfim entregar-me ao mundo, não pertencendo mais a ele.

E então, resolvi realiza-lo em uma quarta-feira bem de manhãzinha, subi incansavelmente em uma antena, sim eu estava decidido a acabar com aquela dor, mal percebi e já estava de pé olhando todas as pessoas que lá de baixo me gritavam não.

O vento batia forte em meu rosto, por um instante de estranhamento não me sinto triste, me sentia leve, naqueles minutos que se passavam abri meus braços como que se estivesse abraçando a mim e a Deus, olhei para baixo novamente e a palavra não me deixava confuso, pude então, compreender minha existência, mas também ouvi o frio, o lado sombrio da morte, que não me permitiu dizer: Eu me arrependo !

Quando fechei os olhos me senti voando, eu fiquei com medo, não tive chance pedir a ele.