Dialogando sobre o que leva um estudante a errar questões em uma prova

"O pesquisador é, às vezes, como um homem que desejaria conhecer o mecanismo de um relógio que não pode abrir. Apenas a partir dos elementos que vê ou escuta (as agulhas giram, o tic-tac) pode procurar uma explicação elucidando, e do modo mais simples, numerosos fatos, inclusive, até, invisíveis. São os conceitos de movimento, de roda, de engrenagem que permitem compreender, sem o ver, o mecanismo do relógio."

(Albert Einstein)

Há alguns anos tenho buscado aprender cada dia mais sobre como facilitar a aprovação de estudantes nos vestibulares e concursos públicos nos quais eles sonham passar. Ao longo desse tempo, muitas respostas foram sendo descobertas, e a partir delas outras perguntas foram surgindo, como se cada resposta fosse apenas um fragmento de uma grande tapeçaria colorida, que não importa o quanto seja construída, sempre haverá algo para ser acrescentado ao seu rico conjunto multicolor.

Dentre essas muitas perguntas que foram surgindo ao longo do tempo, uma delas particularmente me intrigou durante muito tempo. Como pode um estudante que conhece todo o conteúdo de uma prova, que estuda praticamente todo dia durante muitas horas, que faz todos os exercícios recomendados pelos professores do colégio ou de um cursinho, não tirar a nota máxima de um exame e ainda por cima errar questões sobre conteúdos que ele aparentemente domina como um todo?

A resposta mais óbvia, o motivo ululante, é que o estudante que não acerta uma questão numa prova errou porque não aprendeu de fato aquele conteúdo que foi cobrado. Ok. É verdade. Isso realmente ocorre muitas vezes, talvez seja um dos principais motivos que faz um aluno não tirar dez em provas, ou não ser aprovado em vestibulares e concursos públicos. Entretanto, quem procurar avaliar com um pouco mais de profundidade os fatores subjetivos que estão presentes nos erros cometidos em uma prova, especialmente em situações de pressão como são os vestibulares e os concursos públicos, perceberá que muitas vezes erram-se questões por motivos outros, provocados por variáveis como cansaço, nervosismo e ansiedade, por exemplo, e não somente por motivos relacionados a saber ou não saber determinado conteúdo.

Além disso, é muito provável que se alguém se propor a especificar de maneira detalhada e sistemática os seus próprios erros ou de um estudante numa prova, constatará que ele poderá ter errado de fato por não saber um determinado conteúdo, mas também poderá ter errado por falta de atenção, por falha na interpretação do texto, por saber mas esquecer ou ter dúvidas no momento da prova, por precipitação, ou ainda por falta de tempo para concluir o exame. Em outras palavras, não se erra questões em uma prova apenas por não se saber um conteúdo, mas também por motivos outros relacionados às atitudes do estudante quanto à sua preparação e à sua maneira de realizar provas.

A partir dessa reflexão, é possível que novas indagações surjam ao profissional curioso sobre os processos de aprendizagem e de desempenho em avaliações de estudantes. Por exemplo, será que um estudante que aprender mais sobre o seu comportamento ao realizar provas poderá diminuir seus erros, de modo que poderá aumentar seu desempenho no exame na mesma proporção em que desenvolve seu autoconhecimento, desde que procure identificar seus erros mais frequentes? E como auxiliar um estudante para que ele se desenvolva mais rapidamente, corrigindo seus erros e adotando novos comportamentos, para que ele possa ser aprovado em vestibulares e concursos públicos da maneira mais rápida e saudável que lhe for possível?

Essas foram algumas das outras indagações interessantes que foram surgindo ao longo dos últimos anos. Conforme fomos encontrando novas respostas, outras indagações foram surgindo, na mesma proporção em que fomos conhecendo novas pessoas, que por sua vez suscitaram mais perguntas e nos ensinaram novas respostas, contribuindo através da sua própria experiência compartilhada na construção de uma rica tapeçaria multicolorida, tapeçaria essa composta de muitas perguntas e respostas cuja construção, aparentemente, nunca terá fim.