Gemidos ou Alucinação?

Desconfio da solidão

da caridade

arrependimentos

da perseguição.

Também da essência

dos signos

acasos

até da ciência.

Ando num gemido só.

Quanto pesa meu coração!

Viro fiapo, estou um trapo, apalpo e afogo feridas....

Não olho no espelho

falo baixinho e não me basta certeza.

Tenho o que preciso à mesa.

Dia a dia

sol a sol

me viro do avesso

vou além dos limites

é minha sina

desde menina

e não há analista que dê jeito.

Obcecada por trabalho

vazo anos entre fios como aranha tecedeira sem murmurar.

Há uns gemidos

alguns ais

pois dói aqui e ali.

Quisera ser dona do silêncio

daria um naco pra você se quisesse, é claro.

Poetas precisam do silêncio pra voarem entre as estrelas, romperem o lodo e entrarem na Alma da Terra!

Fico vagueando...

Entre a esperança e muros, deve haver orvalhos com cheiro de pedras enfeitadas de luar e avencas delicadas...

Meus pés gelados sentem as estações, sentem cada vão e seus anseios.

Quão douradas são as manhãs e também o entardecer!

O cerrado secou , meu cerrado secou....está ali, dourado de Sol e é belo, tão belo que me faz gemer.

Essa prosa bem poderia chamar Alucinação, seria bem mais verdadeira!

Carinhosamente,

arana.

Arana do cerrado
Enviado por Arana do cerrado em 26/06/2016
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