A cumplicidade nas relações afetivas

Afirmo nessa breve reflexão acerca das relações afetivas hodiernas que nenhuma delas pode ser mantida por longo tempo apenas por uma das partes.

Durante certo tempo, como que tomado por uma cegueira, muitos buscam a manutenção de um relacionamento, mesmo sabendo que suas demonstrações de afeição são minimamente correspondidas pelo parceiro. Tal persistência de conservação da relação, sem a vontade do outro, apenas causa entristecimento a quem oferece carinho.

Relacionamentos pautados nesses liames estão inexoravelmente caminhando para sua dissolução mais cedo ou mais tarde.

Contudo, após o fim, é prudente um maior interregno de tempo para alcançar novamente a consciência íntima e avaliar o que foi vivido. Nesse ínterim, aflições, angústias e medos eclodem, além de erros exacerbados que podem ser cometidos.

No entanto, essas experiências trazem maior segurança e amadurecimento. Esse processo intrínseco também pode culminar numa circunspecção exacerbada. Ademais, ele ensina que devemos sempre buscar se tornar uma pessoa melhor, além disso, ensina a ponderar a afeição no princípio de um próxima relação amorosa.

Anoto de forma basilar, que a cumplicidade consiste no cerne para perpetuação da relação afetiva.

A ausência da percepção de que ainda seria possível haver desejo de mudança no comportamento da companheira ou companheiro de forma alguma é salutar, principalmente quando fica perceptível a inexistência de tal anseio.

A cumplicidade ao qual faço referência, consiste na disposição de mudança em prol do bem estar, satisfação e felicidade por parte de ambos os sujeitos da relação.

Ao perceber que quando no vínculo afetuoso não existe a mesma cumplicidade e empenho por parte do outro, qual o significado de manter a relação?

Ainda, registro que o desenvolvimento cognitivo adquirido através de experiências desagradáveis deve ser visto como uma oportunidade para nos poupar de falta da sensibilidade e da frieza de pessoas vazias e apáticas numa futura relação.

E finalmente, somente com o passar do tempo, conseguimos consolidar os erros e acertos de um relacionamento que não obteve sucesso. Mas, que serviu como aprendizado para um relação posterior.