Milagre

Suavemente anoitece e o pôr do sol inexplicavelmente aparece.

Seus tons alaranjados de uma tarde de verão fazem o coração sofrer sem razão.

Sem razão?

Não! Sofrer por não ter.

Por não ter aquilo que acha merecer.

Mas os tons alaranjados não têm a ver com o coração que só tende a sofrer.

O sol dá lugar a lua. É noite...

Aí, tudo começa a sumir.

Sumir a esperança que guarda como lembrança. Sumir tudo até quase não existir.

A lua resplandece sua beleza, as estrelas aparecem e com elas vêm aparecer no coração sofredor a angústia de não ser.

Sente não existir, não ter e mão ser?

Sente não existir, por quê?

Por não ter com quem compartilhar a vida que ali ainda está.

Não ter?Não ter nada a oferecer para aqueles que querem ter o prazer de viver.

Não ser?

Não ser amada, querida, na vida daquele que sempre quis ter, para poder sentir a vida que sempre desejou merecer.

Efêmeras Azuis
Enviado por Efêmeras Azuis em 03/08/2016
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