Guerrear
O sorriso roubado
voltou ao rosto violentado
A alegria desconhecida
foi ao encontro do pobre que não conhecia
O direito e a justiça tão desigual
surgiu da terra que antes era dominada pela minoria
e agora enche a maioria de vida
A honestidade que tanto se dizia
foi revelada no ato do rosto de quem tanto anunciava
e não vivia
O negro, excluído e desprezado
que tanto entrava as escondidas pela porta de trás
passou a ter identidade e igualdade
e pela porta trás entra e saí com liberdade e respeito
assim como pela porta da frente
que recebe o negro, o índio, o mulato, o que antes era escravo
Os ricos que tanto sonegavam e desviavam
passaram para o tribunal popular
foram viver o próprio sistema de prisão que criaram
e esquecidos se tornaram,
porque de tanto humilhar
humilhados se tornaram
O índio, todo dia morto
encontrou seu rumo
voltou para casa
quando viu que a represa do papel não passará
A criação tomou corpo,
destruiu quem a dominava,
e fez do excluído o guardião amigo que tanto a tratava
O povo grita,
o povo se reúne,
o povo não quer deixar de ser pobre,
apenas quer na pobreza viver incluído,
no bairro, no departamento público,
na entrevista de emprego, no acesso aos benefícios concedidos,
à saúde, à educação, à viagem de avião.
Bem vindo, também sou pobre e guerreiro