Café

Durante as nossas vidas nos arrependemos por muitas coisas, sejam elas coisas tolas, ou não. A quem diga que nunca se arrependeu; tenho medo dessas pessoas, elas parecem ser... Bom, apenas tenho medo.

Por falar em maldade, por muito tempo fui assim com a pessoa que deveria estar lendo isso, mas vamos por partes, certo?! Cansava de ser acordado aos sábados pela manhã por uma pessoa que fazia questão de me lembrar que tinha aula de canto. “Fê, quer mais café? Você parece cansado.” Todas as tardes no mesmo intervalo de chatice e repetição.

Eu mandava ela dar um tempo, sabe? Só que ela ficava lá, me filmando e tirando fotos minhas e de meus carões. Não podia ter uma gripe, que lá vinha a boa moça com meio mundo de receitas e soluções pro meu lado.

Mas, sabe aquele sentimento de dor, culpa, medo e raiva que se transformam em um turbilhão de coisas que aparecem dentro de si, algo que nunca queremos sentir?

Eu queria que fosse mais um café, por mais que eu reclamasse, me deixava acordado; mais uma ligação pela manhã, aquilo me fazia bem; mais fotos daquelas sem graça, mas que preenchiam meu tempo. Poderia ser mais qualquer coisa, desde que fosse com você.

Por mais que eu tente esquecer a cena de entrar em um quarto e ver a pessoa que eu amo presa em uma cama respirando por aparelhos e gritando pelos tubos para que você não escute e não se machuque, é doloroso. Só queria mais uma chance, eu sei que tive varias, mas era só mais uma, juro.

O pior vem quando a ficha cai e você percebe que tentamos realizar as promessas mais impossíveis, só para não ter que cumprir com as mais simples.