O fato de não sentir nada

Era um sábado solitário. Uma postagem. Um clique. Uma resposta. De repente, tornaste uma pessoa presente em minha vida e tentas me apresentar o possível novamente. Eu fiquei feliz com a primeira oportunidade de sorriso que me veio. Muitos diriam: "aproveita, se joga". Tudo parece natural, se não fosse o fato de não sentir nada dentro de mim.

Diacronicamente, eu fazia castelos com apenas o meu coração. Tinha uma certa esperança em tudo que há em minha volta. Internamente, uma criança. Os rios foram atravessando na vida. Em uns, eu até conseguia nadar, mas - em grande parte - afundei nas profundezas. Mesmo assim, eu acreditava naquele reflexo de luz no fundo do rio. Percorria várias vezes, mesmo podendo saber que podia morrer.

Um dia, eu cansei. As coisas foram perdendo o total sentido dentro de mim. No fundo da alma, eu percebi que não existia nada dentro de mim de diferente. Fechei os meus olhos. Decidi pela solidão que me arrasta. Não crio mais laços. Hoje, qualquer rio que passar em meu coração, se afundar ou nadar, tudo está indiferente. Seco.

Por mais que faças de mim uma pessoa nova, eu não consigo encarar teus olhos com a mesma riqueza. O fato de não sentir nada fez de mim uma pessoa cética. Se navegares por mim, será apenas encontrado um vazio. Talvez, eu apenas te use por naturalidade dos fatos, mas não espere que eu seja um rio navegável.

Sofia do Itiberê
Enviado por Sofia do Itiberê em 20/09/2016
Código do texto: T5767013
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