Zelus

Ele chegava por trás em um abraço imobilizador.

Anulava os primeiros sentidos sussurrando milhares de palavras por segundo.

Tapava meus olhos com as mãos, minhas pupilas dilatavam e as imagens formadas em minha mente já não eram reais.

Ele me fazia acreditar naquelas imagens.

Ele me conduzia aos poucos dando os primeiros passos.

E, na sua canção sem som, dançávamos o silêncio.

Nas mãos dele eu era mais leve que qualquer pluma.

Porém, nada suave. A dança ia ficando gradativamente mais brusca.

Os movimentos insanos.

Realidade aumentada?

Gritos.

Naquele instante virávamos um só.

Então, parecia eu louca, a me debater.

Num descompasso sem sentido.

Esbarrava nas pedras.

Saía ferida.

Amor?

Não.

Não sei.

Quem é você?

Quem é ela?

Palpitações.

Feria pessoas.

A alma rasgada.

As lágrimas no percurso.

A força do corpo.

A força das palavras.

Agressões, todas.

Quem é ela?

A despossuição abrupta.

Vergonha.

Medo.

Revelações .

Nitidez.

Vexame!

QUEM SOU EU?