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Ela não demonstrou reação, ela não teve ação, foi o frio mais cruel nesse verão, foi tão sutil minha saída que nem se quer deixei rastros de amor, foram alguns segundos que se tornaram décadas sem o menor pudor.

Senti em sua pele úmida próxima aos olhos o alivio de sentir liberdade, sentir um sentimento tosco que atinge a mais profunda camada da alma, a camada bela da alma dela. Seus olhos tremidos, mas mesmo assim lindos partiram meu coração, foi calmo, mas mesmo assim um furacão.

Senti raiva de mim mesmo por deixa-la ir, deixa-la viver sem mim, deixa-la assim.

Odiei-me por cada minuto que a fiz chorar, que não a vi dançar, que não estive lá.

Quis morrer com cada beijo doce, com cada abraço forte, morrer só de amor.

Mas eu senti sua pele na minha, minha alma na dela, senti calmaria.

Senti o que jamais senti.

Sorri como jamais sorri.

Amei como jamais amei.

E foi ótimo, foi um sonho que infelizmente acordei, como uma bela prosa que jamais escreverei.

Assim morri de braços abertos no leito que eu mesmo me dei.

Matheus Augusto Buarque
Enviado por Matheus Augusto Buarque em 22/09/2016
Reeditado em 26/10/2017
Código do texto: T5769300
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