Psicografia nº 13 - Exatidão

São quase onze horas, e chove lá fora.

Neste momento, ouço Elvis e o som da chuva estilhaçando-se contra a janela, apenas. Meus próprios sons internos tornaram-se estranhos para mim. Vejo-me arrastando pelos corredores da escola que freqüento, à espera de algo que não se revela nunca. Os corredores estão todos vazios, e chove lá fora. Mas, calma. Parece que não ouço mais água correndo... Quero escrever sobre o amor. Meu corpo está disposto a aventurar-se dessa forma? No momento, acredito que não, pois parou de chover... E não sei mais o que fazer para acompanhar este novo estado de não-chuva. O que fazer, ou escrever, agora que se tem o conhecimento de que a chuva também acaba? O que fazer, ah o que fazer, senhora, agora que sei que nunca saberei ao certo o que sei? Que o que sei se espalha como uma peste violenta pelo campo do meu desconhecido? Ou que o que sei me leva a crer, na verdade, e puramente, que nada significa quando é posto frente a minha frente? E a isso se segue o seguinte pensamento, que só morrendo é que se vive. O que fazemos agora nada mais é que algo que está fora do meu, do nosso, alcance. Para que chorar, se todo suor e toda lágrima, mesmo sendo de origem desmotivada, serão lavados numa correnteza fria e igualmente desmotivada?

A questão crucial, afinal, é esta: meus caminhos são todos cumpridos?

(Em dezesseis de novembro de dois mil e seis, à beira de um dezessete de novembro chuvoso.)

Rosiel Mendonça
Enviado por Rosiel Mendonça em 27/07/2007
Reeditado em 07/08/2007
Código do texto: T582252
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