Niilismo

Negar este mundo e tudo que está acontecendo levaria meu ímpeto à indignidade. Mesmo que a bagunça está armada e as celas sendo criadas pelos próprios prisioneiros, não levará minha vontade ao baú. Quero estar com as palavras, espremer-me por entre soluções no papel, esperançando que em algum soneto encontra sentido para este futuro que ecoa, resultado deste hoje que não está nada bem.

Quisera não ser, somente observar, emudecer diante do absurdo, insanidade que virou naturalidade...corpos, corpos, corpos. Velhinhos abandonados pelos seus nos hospitais, crianças entregues à sorte longe do afeto...perto da máquina. Trás náusea ouvir que é pesado ter que dar, acarinhar, abraçar, doar.

Falam que viemos para essa com tendências predeterminadas... quais seriam?...sem o amor, a solidariedade...a fraternidade...produtos dispensáveis?

À partir do desamor nada se espera...e depois , o que importa o acontecer aqui, ali e acolá. Sociedade desigual? Injustiças? E o centro? O aqui dentro? para si, para o outro, por todos.

O núcleo está vazio.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 25/11/2016
Reeditado em 25/11/2016
Código do texto: T5834688
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