As rosas não falam

Eu era um amante bem vagabundo. No dia do teu aniversário, fui no centro da cidade e lhe comprei rosas de plásticos. Você sempre tão gentil, sorriu e aceitou aquele esmero de bom agrado. Escolheu o melhor vaso, e a colocou encima do criado mudo do nosso quarto.

O tempo desbotou aquele artefato made in china, mas ele continuou firma naquele vazo. O tempo também desbotou nosso amor e não havia vaso que o mante-se em pé. Um dia você brigou comigo, ou fui que briguei com você? Só lembro que estava cansada e disse que não deveríamos mais estar junto. Eu no meu pior sarcasmo, disse tudo bem, que vá. E você se foi, achei que iria voltar, corri atras, te liguei. Você realmente tinha ido embora. ( voz melancólica )

As rosas ficaram no mesmo lugar, eu não mudei nada desde a sua partida. Nada.

O tempo me fez relacionar com outras garotas, outras garotas que não me saciavam, elas iam pro meu quarto, e partilhávamos de amor, sem o amor. Foi uma, duas, três, até que percebi que tornava um ser figurativamente com penas. Buscava prazer, para tentar suprir sua falta. As rosas não falam, mas elas me fazem lembrar de você, a quem eu dei tão pouco e você me deu muito. Já hoje elas não me dão nada e eu pago tão caro. As rosas hoje estão sem cor, mas não quero joga-las fora.