A Queda da Inocência

De nada adianta clamar ao Divino por respostas a perguntas infundadas. A ansiedade pela assertiva a ser feita nos coloca ao nível desejado por todos nós.

De nada adianta saber sem reconhecer, diante de nossas vicissitudes, toda nossa fragilidade e paixões humanas.

De nada adianta questionar os céus em busca da brisa matutina que nos despertará do sono pueril almejado.

Não serias veleidade alguma considerar utopia sonhar o sonho justo a ser contado pela inocência. De forma alguma seria fugaz a tentativa de viver esta inocência como meta a ser perseguida.

Pois é pela inocência que engendram as todas as paixões – não daquelas que nos sussurram e que nos enevoam a alma – mas àquelas que enobrecem nossa existência.

Ah....ser inocente é construir baluartes de amor e expressões na estória de quem nos exprime. É construir enredos e acordes afinados em melodias dissonantes...

De nada adiantaria macular a inocência pela lascívia que vicia o homem....pois em seu cerne ela mantém sua pureza como pedra jubilosa a ser lapidada, esculpida pelo suor laborioso daqueles que buscam purificar-se de seus fardos inerentes à existência carnal.

Nossas imperfeições são como ignomínias tecidas e cosidas numa colcha de retalhos, cada vez mais podre e que deturpa o enxoval de nossos sonhos, nossos ideais...

Somos e seremos mais e mais impelidos à queda da inocência, em favor do lascivo, do mundano...

Nada do que é humano é estranho à sua natureza em si. Tristemente sou levado a acreditar nesta conclusão: que a corrupção do caráter da humanidade perpassa como fator inato a todos nós....

Somos corruptos (e me incluo nisto) cada vez que usamos o artifício de nossas ações em detrimento alheio. Como sequazes e prosélitos numa horda desiludida aspiramos sorver a todo custo nossa necessidade vil pelo lucro.

Somos corruptos pelo não-compromisso com nossos sentimentos... Idiopatas formados pela propaganda errônea do “sempre-se-dar-bem”, buscamos emoldurar nossa busca pela comodidade da satisfação de nossas aspirações materiais... Achamos “démodé” e fora de moda todos os valores morais construídos por nossos pais e avós...

“É culpa da globalização”, alguns dizem; ratificando a aquiescência pela liberalidade de tudo e pela corrupção do caráter que se esteia nos padrões de “normalidade” da sociedade contemporânea.

A inocência desfigurou-se como um anjo caído e hoje se encontra como um Prometeu acorrentado à espera de sua redenção. Seu fogo divino perdeu-se ante nossa clarificação deturpada e desconexa do que é “certo” e “errado”...

A ti céus, clamamos e buscamos no Alto as repostas para nossa queda, remidos na esperança de sorver novamente da benfazeja fonte da purificação de nossos pecados...

Dai-nos a força necessária para seguir sempre e adiante no capital de nossas aspirações por um mundo de paz, amor e fé; nesta geração e por toda humanidade... Amém.

Ad majora natus

Alexandre Casimiro
Enviado por Alexandre Casimiro em 29/07/2007
Código do texto: T584129