Renúncia
Acabo de renunciar-me. Eu não preciso ter propósito. O que em mim é esse vazio se não a minha cegueira. Se nada do que escrevo são minhas reais idéias, se minhas lágrimas também não as são, como irei externar-me? Como encontrar o motivo da angústia frente ao anoitecer-me? O motivo escrito não será o motivo, porque palavras não se motivar-se-ão por eu desejar. Elas não são motivos, são palavras. Motivo é o que procuro? Como escrever motivos se não os sou ainda. Devo os ser por um instante, mas ao afastar-me de mim, simplesmente os perco. E o vazio questiona-me, por que me esqueci que eu o sei quando me é ao fugir-me. Também sei que não é vazio, é desespero. Mas também assim esqueço-me. Ao afastar-se de mim julgo-me vazia. E quando me sou julgo vazia minha existência longe de mim.
Acredito agora.
Minto-te que renuncio. Aceito minha outra parte de mim que me sufoca, os quens de mim que se espancam, com instintos, desejos e desvazios.
Recuso-me a detestar a única coisa que me faz sentir-me. por isso acabo não mentindo.
Desespero. Se for esse o preço...
Assumo!
De quando em quando, me morrerei ou te matarei. A luz virá com a parte de mim indo embora. Que sou eu se não variáveis de mim? Assim sou-me, vivendo-me em cada um de meus contextos dissonantes.
Contextos!
Não sou contextos, sou-me. Nem os tenho.. O contexto é externo, é não o oposto.
Eu faço-me e tu convives.
Ou suportas.
Suportar!
Viver não para suportar situações rotineiras...
... Tentar considerá-las normal.
Domínio.