Permitir-se a Observar

Permitir-se a Observar

Somos Um em essência. Sem escapatória. Como peças de roupas extraídas do mesmo fardo de tecido que nunca se divide, viemos ao mundo.

O puxa-puxa é tanto querendo fazer valer a individualidade fragmentada, que dificulta os olhos da alma encontrar a moral da história e enxergar este singelo sentido.

Chega ser engraçada a movimentação nossa!

A realidade que define esta singeleza sutil, trabalha nas profundezas do escuro. Na surdina, permite a reação infantil do nosso servil desconhecimento. Vivemos dopados do alucinógeno barato que criamos diariamente com as tarefas e dores artificiais, levando à fragmentação.

Na inocência, com "peitinho de pombo" pisoteamos uns aos outros e no sagrado que vive no recôndito do nosso interior. É "Ele" que nos permite ser na ilusória multidiversidade.

Se soubéssemos quão saboroso e sublime é esta intimidade, deixaríamos de lado as antigas e ultrapassadas armas que impedem o encontro com tamanha grandeza.

Afinal, se tudo está aos olhos e altura desta imanente onipotência, onisciência e onipresença, para quê tantos ajustes, acertos e intermediações? Certo e errado que como escudo impedem de alcançarmos o abraço.

A posição fetal é a simbologia ideal que expressa o aconchego e entrega da alma à natureza, para o germinar dela num corpo físico. Retrata a dependência, a paz, a abertura para o nascer...não há um vislumbre de resistência à metamorfose, à complexificação do corpo sutil no físico.

Depois de eras e eras nesta repetição enfadonha e neurótica de ações contrárias, vivemos a lei do concreto, da Madeira e do aço no coração. Perseguimos o ideal do homem de ferro, da dureza e da frieza do concreto para superarmos os problemas e obstáculos, e da madeira, copiamos a reação abrasiva dela quando em contato com o outro, tratando-o diferente de nós em essência.

Não nos permitimos descanso, o nada fazer tornou opção desesperadora, estar conosco é fel para o estômago e tormento para o coração.

Enquanto ficarmos aqui na superfície remando contra a maré, perderemos no avesso a oportunidade de sermos tocados, acarinhados, esclarecidos de tantos desperdícios de tempo e esforço.

O silêncio e o recluir pode ter muito a dizer e realizar em nós.

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 09/01/2017
Código do texto: T5876476
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