O amigo vizinho

Me mudei a alguns meses para uma casa, em frente tem um lote vago e do lado dele tem outro lote vago porém preparado para uma construção, neste tem um pequeno cômodo de madeira.

A alguns poucos meses um morador de rua se acomodou neste pequeno cômodo, assumo que fiquei um pouco assustada quando vi que ele ficava frequentemente ali. Nunca se sabe a princípio a intenção da pessoa. Então em uma das noites que eu estava sentada na sacada, este homem veio até a mim, e me pediu para colocar um pouco de água em uma garrafa pet para ele. Fui lá e enchi e devolvi a ele. Ele me disse que estava ficando ali porque não tinha outro lugar para se esconder das chuvas. E que lá era até seguro para ele pois não tinha onde ficar. Disse a ele que sempre que precisasse de água que era só me pedir.

Conversamos mais um pouco e ele se foi.

Fiquei pensando nele. Será que estava comendo direito? Tinha roupas quentes para o frio?

Nós vimos algumas vezes e ele sempre me tratou com educação, (me chama de dona Jordana até hoje), como combinamos sempre arrumei água para ele e ele sempre vem me pedir . Mas nunca me incomoda. No final do ano ele veio me pedir e disse que passou em 2 casas e o pessoal não quis dar água para o pobre coitado. Fiquei com os olhos cheios de água depois que conversamos mais um pouco.

Hoje ele veio até á mim enquanto eu estava na sacada novamente. Veio me dizer que jogaram as coisas dele do outro lado do lote , parece que a obra vai continuar , e novamente este homem não tem para onde ir e onde se esconder. E meu coração está apertado. Dolorido. Magoado.

Um homem inteligente. Porém perdido. Sem rumo e machucado pela vida. Seu nome é Marcos. E quando eu o vi indo embora eu chorei, ele não me disse se ficará por perto. Eu realmente quero ajudar este homem . Talvez eu não o verei mais.

E em saber que um homem precisa pagar para ficar em um certo lugar me dói mais ainda. A terra não tem dono !