A intensidade da amizade

Quando possível, saio a caminhar por uma avenida paulistana, a mais importe do país, e vou observando a dinâmica desse frenético vai-e-vem de coisas e pessoas.

Outro dia, depois de uma avalanche fatos que marcaram fortemente a vida de muitas pessoas, que são amigas e também fazem parte da minha vida, resolvi caminhar para refletir sobre isso; perdas, despedidas e tristezas. Nesse passo lento caminhei por aproximadamente um quilômetro, percurso diferente do habitual que não passa dos duzentos metros. Próximo ao Conjunto Nacional, importante centro comercial de São Paulo, encontrei um daqueles artistas que atuam como "estátuas vivas", que ficam estáticos à espera do admirador e realizam graciosos movimentos robotizados. Arte que eu adoro e sempre paro para interagir, assistindo e oferendo a minha contribuição.

Ao final, depois da apresentação, oferecem um sorriso acompanhado de um regalo, que pode ser uma pedrinha, uma simples folha ou uma pequena mensagem escrita.

Nesse dia, o artista finalizou a sua apresentação e tocou levemente a minha mão, entregando-me um pedaço de papel com uma mensagem bastante conhecida, de um poeta muito amado.

Li a mensagem ali mesmo e fiquei surpreso com a ligação ao momento sobre o qual refletia ao caminhando a poucos instantes. Solicitei tirar uma fotografia com o artista -sempre que possível, peço a foto- e me despedi.

Fartamente repetido ao longo dos tempos, o faço novamente transcrevendo a seguir:

Por Fernando pessoa; "O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem. Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis."

Isso nos leva a um "looping" de pensamentos sobre as relações em vida e logo percebemos que viver é estar sempre em movimento, físico, mental e espiritual. A energia não pode parar e beleza da intensidade é possibilidade de nos transladar à perpetuação a partir daquilo que compartilhamos, oferecendo e jamais esperando.

Isso ocorreu nos primeiros meses de 2011 e que resgato agora.

Escrito no começo do ano de 2011 e transcrito agora.