em tempo

nenhuma terra está suficientemente arrasada. sempre há espaço para que o monstro da ganância se erga e se lance sobre nós. Sempre haverão aqueles que se regozijam com os corpos ainda prontos para mais um açoite, e então, o tempo não espera o amanhã. o tempo avança sem que para isso nós permitimos. o tempo da espera, da doce espera à beira da praia contemplando o pôr-do-sol, esse tempo não nos serve! é mais que preciso o levante, o avançar sem trégua. que o sol não nasça, que o flor não brote, mas, precisamos avançar. Não esperemos o sol nascer nem a flor brotar, levantar-se antes do sol, ainda sob o orvalho da noite, é sinal da urgência em enfrentar o monstro. o tempo, esse abstrato instante, sem pedir permissão ou mesmo sem nos dar um sorriso, sobre nós se impõe como um imperador a dar suas ordens. porém, é preciso o levante, é preciso não se conformar, pois, é tempo de superar o tempo da aceitação calma e submissa. avante! avante! cantava canção. e o tempo se abriu. ninguém acreditou ou quis acreditar, mas, o tempo se abriu e no imediato instante seguinte, sem que alguém soubesse de onde vinha, uma multidão avançou sobre a praça. abraços foram trocados e sorrisos, pela primeira vez, desde o dia em que eles roubaram o povo, foram notados em cada rosto, em cada gesto de felicidade.