Devaneios das 4.

Cá estamos, eu e minha alma gêmea, enfiadas em nós mesmas; A água é morna, agradável, e estamos submersas em pensamentos aconchegantes. Eu vou dançar na sexta-feira, porque meu corpo precisa balançar. E eu vou chorar no sábado, porque trabalhar é estressante, e domingo será outro domingo. E então, segunda virá, e será outra semana, porque domingo nunca contou como o primeiro dia pra mim. E tudo será eu e meu mundo, e serão livros, e mangás, e minhas músicas favoritas, e algumas dores. E meu coração vai derreter, e vou esquecer e lembrar e esquecer e lembrar de novo e de novo, porque lembranças são um ciclo vicioso. E eu vou chorar de novo. E vou fazer carinho no meu ombro, como se fosse alguém que pode tocar minha alma. Mas há almas? E há alguém que pode me tocar? Eu não mudei o suficiente pra querer ficar, e não mudei o bastante pra fazer permanecer. Agora há medo, insônia, insignias músicais e besteiras lacrimejantes. Oh, eu não sei mais amar, mas isso faz alguma diferença à essa altura? Faço o contrário do que penso... do que preciso pensar e fazer. Eu vou me calar? Eu vou conseguir afastar? Sou uma ótima pessoa, mas sempre choro no escuro com culpa de tudo. Eu sou uma ótima pessoa? Nunca levei isso a sério. Mas é bom fingir, e estar submersa em si mesma. Se eu não me mexer, posso sumir sem ninguém perceber. Se eu não respirar, posso estar morta e ninguém notar. E se eu só fingir, que tudo está tão bem e que nada me faz mal, será que vão todos acreditar? Acho que... matei minha alma, mas tudo vai sair pela porta da frente, e eu também vou, porque meu lugar é dentro de mim, não dentro de outro alguém. E nunca ser boa o bastante é cansativo de mais, e ser sempre a culpada é péssimo de mais, e ser o monstro não me dá vontade de continuar. Afoguei minha alma dentro de mim, tem um espirito boiando dentro da banheira comigo, e eu me sinto confortável com isso.

Chari
Enviado por Chari em 14/04/2017
Código do texto: T5970350
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