BREVE NOTA SOBRE FOUCAULT E A ARQUEOLOGIA DO SABER

A arqueologia do saber proposta por Foucault consiste, basicamente, na descrição sistêmica de um discurso-objeto, ignora-se a singularidade da obra, sua intencionalidade, para através dela apreender o discurso como monumento, mediante a precisa descrição de seus enunciados. Sendo, segundo o próprio autor, um enunciado é sempre um acontecimento que nem a língua nem o sentido podem esgotar inteiramente.

Segundo Foucault,

"... os ' discursos' , tais como podemos ouvi-los , tais como podemos lê-los sob a forma de textos, não são, como se poderia esperar, um puro e simples entrecruzamento de coisas e de palavras: trama obscura das coisas, cadeia manifesta, visível e colorida das palavras;gostaria de mostrar que o discurso não é uma estreita superfície de contato, ou de confronto, entre uma realidade e uma língua, o intricamento entre um léxico e uma experiência; gostaria de mostrar, por meio de exemplo precisos, que, analisando os próprios discursos, vemos se desfazerem os laços aparentemente tão fortes entre as palavras e as coisas, e destaca-se um conjunto de regras, próprias da pratica discursiva."

( Michel Foucault. A Arqueologia do Saber. RJ: Forense Universitária, 2004, p. 54)

A ordem do discurso define suas possibilidades descritivas como ato linguístico, como jogo e sistema gramátical condicionado a suas próprias regras de sentido, não se define como descrição ou designação das coisas, nem mesmo se importa com a especificidade das disciplinas.

Além disso, é possível dizer que não sou eu quem enuncia o discurso, mas o próprio discurso que se inventa através de sua própria dinâmica.