UM “CANTINHO” ENCOSTADO NO CÉU
Olho para ti e não mais a vejo...
Fecho os olhos e não mais a escuto...
Ao não te ver, ao não te escutar... Apenas sinto.
Teus horizontes fazem-me cegar aos olhos e assim os vejo mais além...
Teu silêncio me ensurdece e me atenta ao som de teu infinito...
Teu calor faz-me sentir a suavidade de teu brilho...
Não te vejo como És; afinal, És muito além do que eu possa ver...
Não te escuto como És; afinal, És muito além do que eu possa ouvir...
Não te sinto como És; afinal, És muito além do que eu possa sentir...
Não posso a Ti descrever; afinal, palavras? Não as tenho...
Agora cego surdo e mudo, apenas te admiro...
Agora vejo além de teu horizonte...
Onde o céu encontra a terra...
Onde o tempo encontra o infinito...
Onde o que parece ser não mais o é...
Onde o que O é sempre Foi e sempre Será...
Mas não entendo... Parece apenas um cantinho...
Infinito em Sua essência e pequenino aos meus olhos...
E quão grande é este pequenino e singelo cantinho, parece a continuação do infinito!
Agora abro os olhos e olho para Ti...
Pois assim fui restaurado...
Vejo o espaço no firmamento e uma abóbada tocada pelo Infinito.
Anoitece...
Olho para o alto e lá está... apenas tudo...
Agora de uma nova forma, mantendo constante Sua essência...
Como posso ver a luz diante daquilo que parece escuro?
Pontos e mais pontos... infinitos. Como o infinito firmamento...
Vou mais além... mais e mais... procuro aprofundar minha visão...
E nada muda.
Nada muda; porém, fica mais belo, mais e mais a cada momento...
Como posso entender a beleza infinita? Algo imutável e em constante mutação...
Imutável na forma e infinito na beleza!
Agora ouço; sim, O ouço...
Ouço o que Queres me dizer... E entendo Seu total silêncio.
Agora não mais sinto... Apenas experimento.
O momento se faz infinito; o tempo parou, não mais existe, apenas por este momento.
E assim posso adorar-Te... Para não mais sentir...
Quando apenas procuro ser, infimamente debaixo do que És...
És Santo, Santo, Santo; Senhor e Rei de todo o universo; onde o céu e a terra proclamam Tua Infinita Glória; onde Céus e terra submetem-se ao Teu Máximo Poder Onipotente...
Céus e terra submetem-se à Tua Verdade, única no Amor que Tu és e a nós Se faz Ser...
Tua obra de Onisciência faz-se Onipresente... Para quem, em apenas um momento, consiga tirar as vendas dos olhos e a couraça do coração; desarmando-se e despertando para um único segundo em Ti; e este pode significar o infinito em Teu Santo Reino de Glória e Paz.
Tua Infinita Misericórdia concede-me a graça de poder perceber aos olhos de minha alma, a realização de Tua promessa, desde o início.
Os Céus e terra em apenas uma Unidade – Tua Vontade – na espera do tempo que sempre foi e apenas a Ti espera.
Oh, Jerusalém Celeste! Aqui sempre estiveste, e meus olhos nunca antes conseguiram ver-Te; Tua simplicidade sobrepõe minha razão e Tua Grandeza sobrepõe minha ínfima semelhança a Ti.
Oh, Jerusalém... Tu não Te escondes; Tu fazes Tua presença, quando nada mais desejo, além de Ti.
Esvazio-me para em Ti viver; coloco-me aos cuidados de Tua Mãe Santíssima e sigo os passos de Teu Filho, nosso Senhor; para que, sob Teu Santo Espírito, faça-me integrar em Teu desejo, renunciando totalmente à minha vontade e ao tempo desta vida.
Sei que sou um pecador, e por isso sofreste no Calvário; sei que não mereço estar em Tuas Moradas; mas dize-me apenas uma palavra, para renovar minha esperança em Ti e apenas desejar um dia estar ao Teu lado, para poder amar-Te, adorar-Te, Idolatrar-Te, louva-Te, Glorifica-Te, e viver a Bem-Aventurança deste desejo, se assim eu for merecedor de Tua Misericórdia.
Ah! Senhor! Pudera isto acontecesse no dia de meu último sopro... Sonho por toda minha vida em viver apenas, e pelo menos em meu último segundo, em Comunhão com o Seu Sagrado Filho, com Sua Santíssima e Imaculada Mãe; e com o Seu Infinitamente e Divino Espírito.
E se “a maior sabedoria dos homens, para Ti, meu Deus, é pura loucura”, desejo nada mais saber, e ser louco diante dos homens; para permitir ser guiado pelo meu Anjo protetor, para assim viver sob uma simples fagulha de Tua Sabedoria, sob a Luz de Teu Espírito Santo.