Fora de ocasião.

Eu lembro daquela noite, ainda estava tocando Nirvana, estávamos esperando que o Death metal começasse, sempre ficava para o final.

Eu sempre levava meus cds para que tocassem no fim de cada noite, naquele lugar que era o nosso ponto de encontro, eu estava com meu fiel amigo, que sempre foi mais atirado do que eu , para determinadas situações.

E lá estava você, com sua camisa de banda, seus olhos vivos, seu cabelo castanho pintado, me olhou e sorriu, naquela noite eu estava com um casaco de flanela com um tom vinho e marrom, uma camisa do Unleashed, e meu cabelo ainda era jogado de lado, estava no ápice da minha adolescência, sem carro, sem habilitação, te levei numa festa junina na saída do Club 1, lá no centenário, fazia frio naquela noite, voltei no 429 Caxias x Queimados, mas naquele tempo, não existia comunicação telefônica como existe hoje, não tinha celular em abundancia, nem telefone em casa eu tinha, mas de qualquer forma eu gravei o número da sua casa, e te liguei.

Não demorou muito para que nos encontrássemos novamente, lembro que você fazia um curso de odontologia na AFE UNIGRANRIO, lugar que me apresentou de forma minuciosa nessa primeira visita, aquilo foi tão apaixonante, uma sinergia muito grande, eu diria monstruosa, e passamos a ter algo que eu até aquele momento nunca havia sequer imaginado que poderia sentir por alguém que não fosse eu, em toda minha vida.

Eu tinha os meus defeitos, você tinha uns que eu não suportava, mas fazia o meu esforço para te ver quase todos os dias, trocávamos confidencias, trocávamos cartas, trocávamos uma vida, em muitos encontros e desencontros , términos e retomadas, nunca de fato nos tornamos um só.

Eu tinha muitos dilemas, tinha uma vida desregrada ao extremo, muitas mulheres, uma cabeça perdida ,e isso foi fazendo com que aquele possível amor, fosse se tornando cada vez mais distante, o tempo passou, isso tem pelo menos 20 anos atrás, nossa, eu lembrei que eu tinha no máximo 18 anos, foram tantos fatos que vivenciamos, mas não curtimos um cinema, não curtimos passar um final de semana na casa do outro, talvez no meu aniversário, onde tive um dos melhores piores bolos de morango de toda minha vida, mas o que valeu foi a intenção, naquela época, tudo era muito diferente, tudo era muito mais tranquilo, os problemas eram mínimos, eu tinha tempo para ter meus momentos românticos, eu tinha tempo para viver de forma extrema uma grande paixão.

A grande verdade, é que no fundo disso tudo, eu nem sei o que me levou a escrever tudo que escrevi, e nem vivenciar isso em minha memoria, pois o tempo passou e o passado ficou para trás, como um brilho que se apagou, como uma chama que esfriou, como uma vida que se partiu em meio a tantos anseios, e aspirações de um novo velho mundo.

Leandro Vidile
Enviado por Leandro Vidile em 12/07/2017
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