Solitude

Tem um certo charme em viver em um lugar que ninguém, ou pouquíssima gente, te conhece. Sou uma observadora de acasos e estando sozinha posso fazer minhas ponderações sossegada. Não que ter alguém pra compartilhar cotidianos não seja interessante! Mas que é gostoso ser só um estranho na multidão, isso é.

Por vezes tenho a sensação de que ouço alguém chamar meu nome e rio. Pode até ser que alguém tenha chamado mas não era eu a dona do nome. Ás vezes não quero conversar, quero só andar pela cidade sem escolher rotas, analisando as fachadas antigas e criando histórias de fantasmas na cabeça. É bom pensar fora. Pra fora. Pensar no irreal e paralelo, já que o dia-dia nos consome tanto e sufoca nossa criatividade. Minha câmera não é boa mas finjo que é e fotografo um monte de nada. Enquanto avanço nas descobertas de novas ruas, tento reparar pelo menos um detalhe em cada pessoa que cruza comigo. São tiaras, brincos, cor de cadarço, abotoaduras e mechas de cabelo. Queria conseguir registrar o movimento dos ônibus, os bocejos, as crianças irritadas ou irritando e o motorista franzindo a testa contra o sol.

Tem uma certa graça passar despercebida. É saudável se desligar pra ouvir o que teu eu tem a dizer sobre o outro. Acho que aprendemos muito quando entendemos que estar sozinho pode não significar estar vazio.

Suelen Lucena
Enviado por Suelen Lucena em 12/07/2017
Código do texto: T6052752
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