Desabafo de um domingo à noite.

Hoje minha terrível solidão me fez companhia, acompanhada por doses de saudade sua.

A agonizante dor de saber que não há mais de mim aí, e há tudo de ti aqui.

Hoje fiz tudo que sempre fazíamos quando estávamos juntos. Fui ao cinema, escolhi o filme do estilo que sempre assistíamos. Comprei bis e aquela guloseima que sempre compartilhávamos um com outro. Sentei na cadeira do canto, aquela que sempre sentávamos estrategicamente. Me doeu olhar para o lado e não ter você. Me doeu não ter seu braço encostando no meu. Senti falta da sensação de ter seus olhos fitando meu rosto esperando que eu chorasse, pois sabia que eu sempre chorava nas cenas tristes.

Hoje refiz todo nosso caminho. Revivi momentos atualmente mortos e com uma escuridão infinda. Do meu lado, sua abstrata presença. O seu abstrato insiste em me acompanhar.

Confesso que me sinto um tremendo de um otário por ainda sentir tanto mesmo depois do tempo ter passado. Mas eu sempre fui assim: sinto tudo ou não sinto nada. E quando sinto, meu amigo... é difícil. Tem sido difícil.

Você não merece uma gota da porra das lágrimas que saem do meu tosto. Mas é incontrolável não sentir, não pensar. Mas estou aprendendo novamente a ser um, afinal, não é assim a regra?! "Devemos aprender a ser um antes de ser dois..."

A dor é necessária. Hoje foi um turbilhão de emoções. Lembranças me atacaram, eu me ataquei. Mas precisava de um momento comigo, mesmo com você do meu lado em pensamento.

Sigo pensando e vivendo, aguardando o porvir incerto do amanhã. Carrego comigo tanta bagagem pesada. Faço questão de deixar registrado, pra tudo valer a pena. Como acertadamente é expressado na música da banda Los Hermanos: "quem sempre quer vitória, perde a glória de chorar..."

Avante!