O valor da Vida

Há um bordão que me incomoda muito: “Não somos nada nesse mundo! ”. Essa frase ora é empregada para contrapor a arrogância de algumas pessoas, ora externa o espanto pela perda repentina de alguém que nós gostamos. Seja como for acho despropositada!

Para mim, o correto é dizer que somos muito frágeis, que a vida é frágil. O porquê disso pode vir de muitas correntes de pensamento e filosofias religiosas. Os mais objetivistas dirão que a combinação de fatores complexos e escassos que permitem a vida é improvável, e que os fatores deletérios são abundantes. Os mais espiritualistas vão sugerir que essa dimensão é transitória e cheia de matéria pesada. Seja como for não há como negar: A vida é algo frágil, mas muito especial.

Ela é frágil quando pensamos no indivíduo. Se acaba rapidamente. Basta uma mudança brusca de pressão, temperatura ou composição química do meio que o ser deixa de ser vivo. Basta uma doença mal curada, um aborrecimento fortuito, ou até o esquecimento de um medicamento para uma vida humana se findar nessa Terra...

Porém a vida se torna forte, obstinada e milagrosa quando vemos o todo, quando analisamos holisticamente. Mesmo com tantos fatores mortíferos, ela se instalou aqui na Terra, e se proliferou. Como se cada obstáculo a tornasse mais forte e adaptada.

A complexidade dos seres vivos aumentou. Nós somos prova disso. Mas também somos prova que a fragilidade continua a mesma. Apenas usamos nossa complexidade para amenizar essa característica. A natureza tomou consciência de si mesma, gostou disso, e usa as outras partes inconscientes para manter isso. Ocorre que ela também usa isso para se destruir. Isso mesmo, nós fazemos as duas coisas!

Devemos valorizar a vida todos os dias, a cada momento. Não só quando ela se finda, mas também no cotidiano, nas situações mais corriqueiras. Não só nos momentos de luto ou alegria, mas também no momento de uma conversa séria para resolver um problema. Nessa visão, ser honesto, sensível,carinhoso, responsável e rigoroso não é uma questão de mostrar uma boa imagem, ou de parecer alguém que valoriza o coletivo; é uma demonstração que você reconhece que a vida é preciosa e frágil!