Reconciliar-se

Percebo que, durante o início de uma reconciliação, as partes envolvidas não se envolvem de fato. Há uma relutância em deixar a personalidade de ambos transbordar. É como se um fosse o reflexo instantâneo do outro. Se um manifesta o riso, o outro se esforça por copiar a altura e o volume da alegria demonstrada; se um dos dois está eufórico, o outro rapidamente se agita; se um silencia, o outro atalha a conversa e vai fumar. A lógica reinante é a da igualdade, embora x e y não sejam nada equivalentes. Por isso que o encontro entre culpa e perdão não acontece: ambos se anulam, porque nenhum dos dois se excede.