O maior palco do mundo, a vida.

Sempre me disseram pra fazer teatro pra tentar melhorar o sério problema de timidez excessiva que possuía. E eu fiz. Encontrei um pedaço de mim que nem sabia que existia antes de atuar. Mas quando saia dos ensaios, saia do palco, voltava a ser a garota quieta e encolhida, se escondendo em multidões. E então diziam novamente “Por que não faz teatro pra CURAR a timidez?” Como se timidez fosse doença. E ao dizer que o fazia, espantavam-se. Mas como? Uma garota tão introvertida e no palco vira completamente outra pessoa? Por que não age assim na rua também? Cria um personagem pra vida real! [Que absurdo! Como se eu devesse mentir ao invés de aceitar e conviver com meus defeitos]. Mas pra mim é tão diferente. O palco da vida. Na vida você não tem ensaios, você não tem a certeza de “eu me preparei pra isso”. Você não se prepara pra nada. A vida simplesmente vem, queira você ou não. A vida não vem com roteiro, não vem com falas demarcadas. A vida não vem com um friozinho na barriga. A vida VEM! A vida te joga de cima do palco e faz você decidir se você quer ser platéia ou se quer ser protagonista. Te joga do palco e diz, aqui tu não vai ser ninguém além de você mesmo. E querendo ou não, dá medo sim. Não que isso seja ruim. Sem o medo ninguém aprende a ser corajoso. Mas o medo da vida é muito maior que o medo do palco. A pressão de uma vida é maior que a pressão de uma peça de teatro.